O que vos fala.

Estou com caneta nos dedos, mas o que realmente escreve aqui é o meu coração. Acho imaturo da minha parte deixar que este órgão tão multilado pela vida vos fale; mas torno-me tão nobre por dizer que, ao contrário de ser estas duas pernas que tanto caminham por aí atras de respostas para minhas perguntas descompassadas, é este coração, mesmo cansado de tão habitado que me segura.
Diria que ter essas duas pernas e mesmo que houvesse uma terceira -seria isso um tripé?-, mesmo que houvesse uma terceira, pisaria em falso ao tentar, ou nem me mecheria. Sem este coração que tanto luta: contra o mundo, pessoas e muito contra essa minha mente miserável, eu não saberia cumprir meu papel neste mundo. Eu sou puro coração e um pouco muito de alma também. E graças ao bom funcionamento dele é que estou aqui, funcionamento este real e fantasiado.
Ele é acumulo de tantas coisas, que em minha formação deixou que rompesse sem querer uma de suas veias: a aorta. Ouso ainda dizer que meu coração é um em um milhão, e ainda assim, é único. Na fantasia, habitam reis, rainhas, mágica, formulas de felicidade. Palta por um universo de esperanças. Não guarda problemas, mágoas, rancor, porque tudo isso são diluidos com porções do amor.

E então eu acordo para isto que chamam realidade, com um gosto de magia misturado com nostalgia do que não vi, mas senti acontecer.

"Meu coração não se cansa de ter esperanças de um dia ser tudo o que quer. Meu coração de criança não é só lembrança de um vulto feliz de mulher" [Coração vagabundo - Gal Costa]