terça-feira, 18 de janeiro de 2011

16/07/2010

“Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade”

Viu essa frase no letreiro de anúncio de um livro e se viu presa à elas. Viu sua vida inteira como um filme a passar por seus pensamentos. Viu todos os traumas e quedas. Viu todos os seus amores, tão amantes, tão singelos. Seus pés atrelaram-se ao chão. Como numa tentativa de golpe final, tentou se mexer sem sucesso. Desde alguns anos, fora obrigada a se comportar como adulto e a pensar como um; tudo para engolir à seco suas fragilidades e seus medos. Tentou agarrar-se a algo que nunca estivera ali. Algo que inventara em suas fantasias.

Não deu conta de quanto tempo estava parada ali e nem de quantas pessoas tentaram se aproximar e nem se tentaram. Sentia uma perturbação entre seu coração e sua alma. Como se um dos dois quisesse explodir ou matar algo.

Não demorou muito e começou a raciocinar: Por quanto tempo estive presa em mim? Por quantos anos vivi porque tinha que viver? Por quanto tempo abafei meus sentimentos, omiti, menti, escapei do que sou ou o era? Por quanto tempo vivi no meu subentendimento?
Suas respostas foram o silêncio interior e o zumzumzum dos transeuntes da metrópole. Aos poucos começou a respirar. Deixou seu êxtase e medo naquele letreiro.

Voltou pra casa infinitamente melhor e mais atarefada. Tinha que começar a libertar algumas coisas velhas, caladas e mortas que insistira em reciclar. Tinha que abrir as janelas de imediato pra respirar. Trocar a mobília de lugar, limpar os resquícios de passado, mudar os lençóis de cama e tirar a dor alojada debaixo do travesseiro. Tinha que tirar algumas canções do “replay” e se permitir trocar de CDs de vez enquando.

No espelho se via mais leve. Como se metade dela tivesse partido. Como se tivesse perdido algo que lhe faria falta mas não a servia. Soltou os cabelos compridos e ruivos e viu seus olhos castanhos acenderem.

Por fim, sentou-se no chão do quarto e chorou. Uma nova etapa de vida já a invadira.

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