Que eu não me perca de vista nem de sentir.

Hoje, permiti-me parar sob a luz do sol e descansar por um instante a minha mente tão cheia de tudo. Aliás, a parte branda e imaculada da alma, onde sinto as coisas mais bonitas, fez com que eu me permitisse ser um pouco desse dia tão bonito.

Sentada neste banco, em frente a porta de casa, entre o vento gelado e a vastidão do céu azul, permito-me recostar o corpo cansado e deixar minha mente desprender-se e ser por si só. Lembrei-me de um trecho que li há pouco tempo - não por acaso. Um trecho do meu caríssimo Caio F.: "Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito". Sorrio e lembro de ter feito da súplica dele a minha própria.

Dores e alegrias con'fundem-se' dentro de mim e, confesso, o silêncio tem sido meu maior refúgio. Por vezes encontro o meu desespero calado e nesse momento sinto que sou mera expectadora de minhas fragilidades, embora à noite eu as sinta latejarem como loucas e saiba que elas são inteiramente minhas.

Com brandura quero reconstruir o jardim tão defasado de minh'alma. Com essa calma que me abraça sob esse céu tão azul e com essa sensação de paz tão esperada que a brisa me traz, quero reconstruir meus gestos de ternura, que se perderam entre os escombros do meu existir, quero reconstruir o meu sorriso de doçura para que eu não o perca jamais.