domingo, 7 de outubro de 2012

Eu me acolho e me perdoo

(Img: Tumblr)

Me recolhi para me acolher. Dessa vez precisei desabitar-me. Desabitei mundos empoeirados, abandonados, doloridos, apressados, cansados e mesquinhos. Desabitei meus lugares comuns e as dívidas que tinha comigo mesma quitei. Num desses lugares aprendi a palavra perdão. Não só aos outros mas a mim mesma. Perdoei minhas faltas e aceitei o aprendizado. Perdoei-me por meus excessos, por minhas carências, por minhas lacunas que a toda dor e todo custo eu tentava preencher com qualquer tipo de afeto que me era oferecido. Perdoei-me por ter sido tão relaxada com meu cuidado. Perdoei-me por tantas vezes querer ser completada quando não havia em mim completude.

É esse tipo de recolhimento que me permite expor-me de maneira calma e tranquila diante do outro, sem que seja necessário escancarar um interior vazio, frágil e inseguro. O tipo de recolhimento do qual alimento minha respiração tranquila, meus movimentos leves, minha fala mansa, meu sorriso simples e meu abraço quente. 

Talvez, desde o início do processo que se passa quase despercebido, eu tenha me afastado um pouco de alguns. Mas aprendi a não negligenciar minhas dores e qualquer parte de mim a qual eu esteja abandonando. 
Reconheço que ainda há tanto a ser elaborado, ainda há tanto a desabitar, mas me permito ir com calma, tateando com cuidado os lugares aonde vou dentro de mim. 

9 comentários:

  1. O ponto chave a nossa descoberta. Amei

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  2. É preciso tatear os nossos lugares desabitados antes de nos lançarmos nesse desconhecido, e você, com essa vastidão de sentimentos fala disso com aquela típica maneira doce, que so quem te lê conhece. Texto lindo, e, acima de tudo, verdadeiro - me vi tanto nele que doeu um pouquinho, e layout lindo! Haha. Essas visualizações dinâmicas mostram muito mais nossas varias faces internas do que aquela antiga e monótona, né? Beijo grande, Bia.

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  3. Também tô aprendendo a fazer isso. E digo mais, é bom quando aprendemos e praticamos. Principalmente a parte de perdoar aos outros e até a si mesma. Perdoar de todas as faltas que cometemos, principalmente conosco. Por esperar tanto de nós e das outras pessoas.
    Eu adoro o que você escreve. De verdade.
    Um beijo, @pequenatiss.

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  4. Fico deslizando meus olhos pelas tuas palavras de forma tão natural e precisa, tão como quem se identifica e já não consegue parar de ler. <3

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  5. Sim, precisamos desabitar a zona de conforto que somos nós mesmos, para vivenciar experiências outras, várias, o desconhecido.
    Apoio o risco que se corre, a sua digna causa.
    Abraços.

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  6. Desconstruir é caminhar para o novo. Só o imaculado pode preencher as incompletudes, purificando até os mínimos resquícios do passado.

    Beijos e sucesso nos seus escritos!

    Fernanda

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  7. O título do blog me lembrou o Distraídos Venceremos do Leminski. Abração!

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  8. Reconstrução e reencontro. Foi isso que seu texto leve e inspirador me passou! ;)
    Um beijo, moça!

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