terça-feira, 10 de março de 2009

A alma pede calor e vira ao avesso.

Tão doce e leve o manto grosso que aquece o meu seio.

Tudo se aflige em mim, tudo é passagem, vira silêncio.

Na madrugada atormentada, atormenta-me a noite sem dormir.

Quando tudo parece estar em calma há um vulcão dentro de mim.

Só o que guardo, é um velho retrato, de você e de mim, mas não consigo ver teu rosto, desbotou-se em meu ser.

No instante que me pego a te olhar, tentando te encontrar, aquela velha e silenciosa música ecoa em mim; meu pensamento já me trai; as lembranças voltam dizendo para esquecê-las, de mim elas nunca quiseram nada.

Saio em disparada na noite sem rumo e sem me arrumar, uma agonia toma conta e me sufoca entre os intervalos de minha respiração, na ventania fria e congelante que ali dançavam. Na minha pele arrepiada algo se prende a meu corpo: uma tira de um velho bombom falando de amor, um amor puro e lindo, destes que só se encontra escritos na tira de um bombom velho.

Sento-me no banco e sinto uma nostalgia enorme, capaz de acalmar a respiração e as batidas do coração.

Uma brisa leve e relaxante que me fez por um momento esquecer ou pelo menos acalmar o que sentia.

Afinal! O que sentia?

Ah, eu não sei, talvez uma epifania esclarecesse.

Um filme se passou em minha mente, algo endoscópico, não sei o que.

Nesse instante ouço um barulho, que vem junto com um vento, juntamente a mim, no banco, um envelope, entre aberto e de folha amarelada.

Agoniei-me em abrir. Em suas primeiras linhas não havia nada escrito, talvez pelo fato de que quem a escreveu não tivesse palavras que as preenchessem.

Algo escrito do meio da folha em diante: “... palavras que nunca foram ditas e difíceis de serem escritas.”

A carta falava de algo que nunca fora dito, um sentimento guardado, talvez, algo utópico.

Aquilo me chocava, acho que não estava preparada para deparar-me com o que talvez sentisse.

No fim daquelas linhas, um susto! Como se aquela situação fosse planejada; a agonia, a saída, o banco e aquele vento que me trouxe a carta.

No fim das linhas estava escrito: Querido ou querida, não se assuste, tudo na vida tem começo, meio e fim. Não deixe que a inveja e a traição destruam o jardim do seu coração. Não lhe direi quem sou e nem de onde vim, até por que, pode ser que tenha vindo de muitos lugares, inalcançáveis até, mas lhe peço, por favor, deixe a carta onde a encontrou, para que outros como você a leia, não se preocupe, outros como este vento que a trouxe irá levá-la.”

Então fiz o que dizia a carta, questionando-me dessa loucura.

Um vento muito forte bateu nesse instante, e a carta já não se encontrava mas lá.

Voltei para casa em um silêncio total, deitei em minha cama, apaguei a luminária, adormeci.

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