Do que vem de dentro e pulsa aqui fora.

E quem diria que toda aquela timidez vestida de calma e tranquilidade era só essa vida aqui de dentro que cansou de tanto pudor e que agora quer se ser, explícita e pulsante.

Tenho me sido explícita em gestos, sentimentos e palavras. Estou, sim, explorando até as vísceras das palavras que roçam no meu peito quando a madrugada é longa demais para se dormir. Tenho desnudado até a alma da poesia madrugada a dentro até a lua sumir do céu. Essa lua que faz desenhos no meu corpo enquanto estou deitada na cama e que me enluara toda, emoldurando-me nos lençóis. Tenho me enroscado toda em afeto no travesseiro, às vezes cantarolando, outras espiando o escuro enquanto ouço apenas o som de minha respiração. A verdade é que tenho sido mesmo é pra quem aguenta uma mulher que não se contém e explode em sentimentos e se acaba em silêncios. Uma mulher que tem na palavra a excitação para a alma, que tem na poesia a voluptuosidade da vida e que sempre carrega no peito um verso cru, nu e tão sutil que às vezes chega a doer; mas é a isso que chamo vida.
Tenho sido para quem chega de pés e coração descalços; para quem não liga se já é tarde ou se a conversa se estendeu num silêncio mútuo, que às vezes fala e outras vezes não quer dizer nada; para quem só quer ser companhia e não desvia o olhar nem esconde o sentir. Chega mais perto, posso ler-te um poema. Drummond, quiçá? Posso ler-te aquele verso que grifei no livro que estou lendo. Aquele verso me marcou tanto, sabe?

Estou adorando compartilhar sorrisos e posso ser generosa e audaciosa em abraços, dos apertados, daqueles que abraçam por dentro. Senta aqui do meu lado, conte-me dos lugares onde tivestes, dos sorrisos que brotaram dos teus lábios... Conta mais dos abraços que encontraram braços, afáveis, quentes, doloridos, que seja, mas que encontraram braços dispostos. Ou então, não diga nada. Só vive esse momento que agora já é tão nosso.