quinta-feira, 16 de agosto de 2012

o paradoxo dos que (não) sabem amar


tão monossilábica quanto meus olhos inertes no vão da vida, da nossa vida, vou me apercebendo daquilo que o que sou não me deixa ver. as palavras saltitantes que outrora irrequietas eram atiradas boca a fora, agora se aquietaram num canto qualquer do meu corpo. enquanto me apercebo de mim, numa tentativa de movimentos calmos - apesar de tanto -, vou me esvaziando de ti pra ver se assim me caibo um pouco mais. houve um tempo em que havia tanto espaço, mas tudo foi preenchido com abraços e mãos que só tocavam a superfície meio rude e endurecida, como as pedras à beira mar. e meu amor rudimentar denunciou a minha forma - tão mulher - de amar. eu quis te mostrar tanta coisa e, afinal de contas (de gestos, de palavras, de olhares), era a mim que eu queria mostrar. era a mim que eu te gritava todas aquelas palavras grosseiras, todo o sentimento ferido, todo o ódio de não saber me entregar sem bater de frente com minha própria carne. e assim sendo, levei meus olhos para longe dos teus numa tentativa de esconder mais eu de mim mesma do que de me esconder de ti, que tenta me saber toda e acaba fazendo parte do meu inferno e céu particulares. e de tanto tentar escapar do que de mim eu insisto em renegar em você, me esquivo toda e me caibo outra vez em ti.

4 comentários:

  1. O que tu escreve parece uma canção camuflada em forma de textos. Já pensou em escrever uma letra de música? Nem que não fosse para divulgar, mas só para ver o resultado. Talvez ficasse bom!

    Então, realmente quero cursar Psicologia. Sei das dificuldades do curso e do mercado de trabalho, mas leio sobre o curso, leio artigos e cada vez me identifico mais. Vamos ver se gostarei tanto quanto você quando eu estiver em contato prático com a danada da Psicologia.

    Um beijo, Nara.

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  2. Acho que é uma das coisas mais bonitas que já li. Tocou no mais profundo de mim, parabéns.

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  3. Vicioso círculo de amar. Não precisa ter argumento contra. Melhor sabê-lo.
    Abraços.

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