segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Le blues en moi.

(Img: via Tumblr)


O caminho estava posto e as diretrizes estavam definidas. Pelo menos era assim que ela pensava enquanto fazia o percurso para casa. Havia tanto a ser dito que calar foi a saída mais plausível diante dos olhos tagarelas a frente. Ela tinha uma coisa com os olhos. Era o olhar que a desconcertava.  Na verdade, era o olhar que dizia saber muito sobre ela que a desconcertava. Oras, ela que sempre desconcertou, que sempre soube muito sobre o outro, estava agora do lado oposto. Alguém mexeu no seu paradoxo mais uma vez e ela não sabia se estaria disposta a pagar para ver. Isso tudo seria muito desconfortável se ao mesmo tempo ela não sentisse tanta paz do lado de dentro. Isso seria mais complicado de entender – mais do que já está sendo – se ela não tivesse aberto a cortina anteriormente e arejado o lugar com brisa fresca e sol quente. Freqüentemente pensava em como aquilo que era infinito outrora poderia reduzir-se a nada num virar de esquina ou numa esbarrada de sorriso que diz mais sobre o que pode ser tão mágico quanto a primavera. E é. Está sendo. (Haveria alguém sorrindo primavera por aí?) E para que a linha tênue entre estar em paz e desejar estar em paz não seja deturpada, ela aprendeu – aos trancos e desajeitada – a ser franca consigo mesma. Aprendeu a travar a guerra, a ganhar e a perder a luta.
E toda vez que o coração aperta, ela respira fundo e muda o foco para o processo diário de cura. Ela retira mentalmente o sapato apertado da incerteza para adentrar ela mesma em seu coração.


“Wind in my hair, I feel part of everywhere

Underneath my being is a road that disappeared.”

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