De uma maneira um pouco mais vagarosa, entretanto, mais consciente, a gente vai reaplicando o sentido das coisas, das cores, dos dias. De uma maneira mais lúcida, a gente vai encontrando espaço para se acontecer, não mais pela necessidade de suprir algo, mas de embelezar caminhos para dentro de si. E houve que no meio do processo de viver eu fui aprendendo sempre de umas formas peculiares esse negocio de se ganhar para si. Aprendi a me ter, e para isso, precisei ser comigo e com os outros, deixando-me ir um bocado também. Isso faz parte.
Estar no mundo exige sinestesia e uma das suas dádivas é
afinar silêncios até o ponto em que consigo ouvir o respirar do meu coração no
mundo. E de um jeito um pouco doído, aprendi a tatear a fala sacudida no peito.
Para atravessar os dias, precisei reaprender a olhar – interna e externamente
-, e já pude ver que dias cinzas não determinam a meteorologia de dentro,
aquela que decora as nossas mais íntimas instalações; faça chuva ou faça sol,
nossos olhos são as portas para as constelações que só são vistas a olhos nus
(da vida que cega).
Você pode até não compreender o que escrevo e porque
escrevo, mas esse negócio de encarar os dias como eternas e infinitas descobertas causa na
gente algo lindo!, até mesmo nos dias em que não há novidade alguma aparente. E enquanto eu transcrevia um sentimento desconhecido, entendi
que o nó que apertou meu peito era só a palavra guardada que precisava se
dizer, se afinar.
(30 de Outubro de 2015)
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