terça-feira, 16 de agosto de 2011

A(des)gosto.


Fim de tarde, o relógio marca 17h23m de um dia de Agosto, século 21. 17 anos de tardes acinzentadas, vento e silêncio. Nenhum gosto, nenhum cheiro, nenhuma cor. No corpo, essências. Na saliva, café; daqueles fortes para quem quer esquecer ou disfarçar uma angústia um tanto dolorida como quando um sentimento morre dentro da gente.
Pausa. Respira fundo e exala vulnerabilidade. Há dias anda nessa de sair por aí, beijando o entardecer e escrevendo sobre um tipo de dor ou algo muito próximo a isso.
Guarda no coração lembranças de verões intensos, com sol e calor no coração; outonos reconstrutores; invernos melancólicos, com frio interior e primaveras floridas, doces e calmas. Olha-se todos os dias no espelho, tentando encorajar-se a acreditar que há um dia bonito lá fora, que a cicatriz que vê é do espelho e não da alma.

18 comentários:

  1. Algumas cicatrize as vezes ficam tão absurdamente expostas..
    Tão profundo, tão lindo!

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  2. Guarde somente o que realmente te é necessário, tudo bem que certos momentos são eternos, sim existem dias lindos em frente, então ... Aproveite!

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  3. Que belo jeito de escrever você tem.
    Essas tardes cinzentas insistem em vir, ficar, em mexer com a alma, em nos deixar atônitos.
    E a cicatriz, mesmo que seja da alma, pode ser curada.

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  4. Os momentos são passageiros, mas as lembranças são eternas. Momentos que passaram se tornaram apenas lembranças que ficarão guardadas em um lugar onde ninguém poderá tirar e hoje eu sei, TUDO tem um fim, mesmo aquilo que ser dizia ETERNO.bjus querida

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  5. Por mais que tentamos nos convencer de que a alma está curada, novamente surge uma cicatriz, para compreendermos, que a vida sempre te porá diante de novos obstáculos.
    Beijos querida
    belo texto e belas palavras.

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  6. Nossa, que triste. Mesmo que a cicatriz seja na alma, a ferida já não está mais aberta. Já é um começo.
    ;)

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  7. Queria ser como os outros, e rir das tristezas da vida, ou fingir estar sempre bem... - A via Láctea, Legião Urbana. Lembrei da música.

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  8. "Olha-se todos os dias no espelho, tentando encorajar-se a acreditar que há um dia bonito lá fora, que a cicatriz que vê é do espelho e não da alma."
    Todos os dias, tento me convencer da mesma maneira. Mas o importante é que, de uma forma ou de outras, a gente acaba aprendendo a não dar tanta evidência às nossas tantas cicatrizes. Eu espero por esse dia ansiosamente.

    Texto maravilhoso como sempre.
    Grande Abraço!

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  9. Tentamos nos salvar dia após dias. Mais os dias são assim na maioria das vezes... nada avassalador, submissos a temporais. Mais aí pensamos... nada melhor que um dia após o outro. E depois as cicatrizes serão curadas, com o tempo.

    Belo texto! Tem sensibilidade e encanta.
    Beijo no coração.

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  10. "(...) que a cicatriz que vê é do espelho e não da alma." Cicatrizes são difíceis de curar, mas um dia elas nos deixam, um dia...

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  11. Uma cicatriz pode não ser nada quando a alma é gigante. E a sua é. Gigante e estende-se o tempo todo, porque a luz se espalha através de cada palavra que sai da tua alma.

    Texto tão lindo e tão verdadeiro que até dói.
    Um beijo, querida.

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  12. meu blog pessoal > http://www.musicpoesiaeblablabla.blogspot.com/

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  13. Nos momentos de desgosto é bom lembrar dos dias de verão, das tardes de calor, e lembrar que sempre vem a primavera depois do inverno.

    Beijo.

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  14. Parece que nós duas sentimos o gosto amargo dos agostos que passam...

    Achei teu texto lindo, e ao acaso reconheci essa coincidencia de nós possuirmos o mesmo sentimento por esse mês que a maioria se refere como ''mês do desgosto''.

    até mais flor

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  15. Belíssimo texto, profundo, reflexivo.
    Grande abraço e sucesso!

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  16. Dias amargos nos lembram das piores coisas, nos mostra as feridas já fechadas, não curadas, somente fechadas. Cicatrizadas em nós, as dores, os amores mal amados, as quedas que levamos, a força que não tivemos, o pior de nós. Tuas palavras, mesmo quando transbordam angústia, são lindas de se ler, Nara, um beijo e que as cicatrizes não sejam nada perto do teu coração, que é forte.

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  17. Deixe-me degustar dessas palavras. Quero alimentar-me delas. Tão belas, tão bem feitas, ditas-ben-ditas. Tão minhas.

    Suspiro.

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  18. eu me pergunto porque agosto é um mês tão sem gosto pra todo mundo. incrível.

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