sábado, 15 de outubro de 2011

O eterno dos instantes efêmeros


Sim, eu havia me dito e repetido mais de mil vezes que me sentia tranquila por estar só comigo mesma e por estar tentando acertar meu caminho. Tolice. Quando meu olhar encontrou o teu - que já fora tão visto por mim, mas nunca realmente enxergado -, por um segundo, meu coração acreditou. Quis. Quero. Desejo. Sinto. Esqueço. Te penso. Te penso com calma e com vontade do teu abraço e do teu cheiro bom. Penso na marca de afeto que você gravou em mim quando, carinhosamente, alisou minhas mãos e me deu beijo na cabeça como há muito tempo eu não era beijada.

Ainda que receio eu sinta - não medo -, me peguei dizendo sim pra esse querer. Não sei quanto tempo esse lugar tão amoroso e envolvente me abrigará. Não sei por quanto tempo teu afeto vai pairar sobre mim nem mesmo sei se você também sentiu tudo isso que eu senti. Não sei. Também não sei se quero saber, porque inevitavelmente eu penso no futuro, e meu subconsciente, rápido que é, faz mil planos que se perdem vagarosamente nas linhas de minhas vaidades e quereres antigos, que carrego nas entrelinhas de minhas memórias.

E, moço, me peguei escrevendo sobre o que eu senti quando teu carinho encarnou em mim.

(15 de outubro de 2011)

11 comentários:

  1. (...) Se vós me dizeis que certa pessoa está amando, compreendo facilmente o que quereis dizer-me e formo uma concepção precisa de sua situação, porém nunca posso confundir esta idéia com as desordens e as agitações reais da paixão. Quando refletimos sobre nossas sensações e impressões passadas, nosso pensamento é um reflexo fiel e copia seus objetos com veracidade, porém as cores que emprega são fracas e embaçadas em comparação com aquelas que revestiam nossas percepções originais. (...)

    (...) Pelo termo impressão entendo, pois, todas as nossas percepções mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. E as impressões diferenciam-se das idéias, que são as percepções menos vivas, das quais temos consciência, quando refletimos sobre quaisquer das sensações ou dos movimentos acima mencionados.

    David Hume, Investigação Sobre o Entendimento Humano; Secção II, Da Origem das Ideias)
    ___

    Basicamente a nossa conversa sobre Hume preenche meu comentário com uma citação do referido filósofo.

    :)

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  2. Eu sempre tive medo de sentir, sempre fui medrosa... Mas as vezes é impossível fugir de um olhar...
    Muito lindo, como sempre, Nara!
    Beijos*:

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Nara, olha você me emocionando, de novo.
    Dessa vez as lágrimas caíram, de verdade.
    Eu fui lida.

    "Não sei quanto tempo esse lugar tão amoroso e envolvente me abrigará. Não sei por quanto tempo teu afeto vai pairar sobre mim nem mesmo sei se você também sentiu tudo isso que eu senti."

    Senti-me nessas palavras.
    É o que tenho dito pra dentro.
    Também não sei se quero saber.
    Mas me atormenta ainda o medo desse desfecho e de não saber, um dia, sequer dizer que já não sinto mais.

    Você me entende, né. Sei que sim.
    Obrigada por escrever. É isso.

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  5. Odeio, detesto, abomino essa coisa de depender das pessoas para viver, para amar, para ser feliz. Aaaaaah!

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  6. Lindo! Sei bem como é esse querer, que ultrapassa todos os outros motivos que levariam ao não.

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  7. Estou te seguindo, e meus parabéns, gostei mesmo do seu texto, da sua passividade! *-*

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  8. Eu gostei do texto! E confesso que refleti a mensagem do Cleber.....

    bjo flor!

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  9. Gostei muito das palavras... vou segui-la e ler com mais calma os outros textos!

    Beijos!

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  10. Isso se encaixa muito bem com a última carta que eu recebi...
    Lindo, amor, fico feliz em saber que essas palavras vem de você.. Eu consegui escrever e postei no blog, espero que goste.

    Fique bem!

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