quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Sobre amar(cura)

(Img: Tumblr)

No vão entreaberto do percurso em que segue o tempo, onde a vida se desenreda, onde como disse Caio "não há nada a ser esperado, nem desesperado", bem no meio dessa fresta, a gente descansa a alma como o capitão faz depois de enfrentar tempestade em alto mar. E eu poderia falar de tanta coisa... Do pesado às miudezas da vida - e como essas miudezas contam, meu Deus! Eu poderia falar do quão pesado foi o tempo entre os silêncios e as perdas definitivas; do quanto renunciar a algo que amamos é doloroso; do quanto abster-se do sentimento sem abster-se de si requer um trabalho árduo e contínuo. Eu poderia dizer sobre muitas coisas, mas prefiro celebrar os menores indícios de cura. Prefiro dedicar meu tempo e atenção ao contentamento que me cerca vez ou outra no abrir dos olhos, onde tudo o que consigo pensar é "eu sou isso, eu tenho a mim e sou inteiramente grata por isso". Sou cada vez mais grata porque sei o quão frágil alguns sentimentos me tornam, mas a lucidez de me enxergar no agora faz com que eu me sinta um pouco mais confortável para lidar com eles sem deixar que eles tomem conta da casa inteira. 
A fase mais difícil foi-se. Aceitar o partir do coração e também a inteira responsabilidade do trabalho para mantê-lo em bom funcionamento pode assustar, sim. Mas quando você se toma pela mão e com tal zelo, você descobre que a todo momento a força mais importante sempre esteve do lado de dentro. 

É esse tipo de recolhimento que me permite expor-me de maneira calma e tranquila diante do outro, sem que seja necessário escancarar um interior vazio, frágil e inseguro. O tipo de recolhimento do qual alimento minha respiração tranquila, meus movimentos leves, minha fala mansa, meu sorriso simples e meu abraço quente. 




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